A área de engenharia mecânica oferece uma vasta opção de segmentos de
aplicação dentre os conteúdos que o curso aborda. Entretanto, o engenheiro formado ao
se inserir ou tentar ascender no mercado de trabalho passará por situações similares,
independente do tema que decidir basear sua carreira. Por exemplo, caso escolha a área
de fabricação o engenheiro trabalhará em alguma indústria ou empresa após sua
formação e com experiência adquirida passará a atuar no ramo de gestão empresarial da
mesma; assim como quem escolher área de estruturas, térmicas ou metrológicas. Em
suma, a maior parcela dos engenheiros segue esse ritual, que consiste em: graduar,
especializar, trabalhar na prática, gerir ou administrar, aposentar. Salvo aqueles que se
dedicam a pesquisa, maior parte destes se tornará professor, dado às facilidades de
laboratórios desenvolvidos em suas mãos e ao sistema que o governo brasileiro
implanta, que obriga mestrandos e doutorandos a terem um estágio de docência e
posterior admissão na instituição; pode-se concluir que de fato é assaz complicado
possuir uma pesquisa em desenvolvimento por conta própria ou custeado por uma
indústria, caso isso ocorra será por um tempo limitado até terminar uma especialização
desejada, por exemplo.
Possibilidades de Atuação
Como já fora apresentado, o futuro de um engenheiro mecânico não varia muito
com a área que o mesmo tenha se identificado, mas sim quando se observa de qual
maneira ele deseja ocupar seu conhecimento adquirido. Podendo ele basicamente ser:
I) Participante de um processo de produção: Normalmente são engenheiros
recém-formados ou em início de carreira, quando se pensa em membros do
processo de produção, que são as pessoas que terão a incumbência de executar
tarefas, analisar dados, operar máquinas; onde se necessita o conhecimento
sobre fenômenos, mas ainda não há experiência para organizar como um todo.
Em seguida, ao apresentar bom desempenho, liderança e qualidade nos serviços,
além de responsabilidade, organização e principalmente capacidade de
comunicação, pode então passar a ser um gerente de produção, onde já possui
mais capacidade organizacional e pode organizar os membros de processo de
produção. Por fim, quando possuir destaque dentre os gerentes esse engenheiro
pode tornar-se líder de produção, que é o elemento que encabeça toda a
produção, responsável por designar tarefas e organizar a empresa como um todo.
II) Gestor: Trabalhando de maneira análoga ao processo de produção, um gestor é
um elemento administrativo de uma empresa, responsável em por no papel os
direitos e os deveres de cada funcionário e ter isso em estatuto empresarial; pode
trabalhar conjuntamente com setores financeiros e administrativos, sendo
normalmente um cargo ocupado por engenheiros com anos de experiência, que
devem decidir o que será melhor para empresa no que tange a investimentos e
contratos, fugindo do escopo prático da engenharia. Atualmente há uma barreira
no sentido de administradores estarem de fato perdendo espaço nesses cargos
para engenheiros experientes, que possuem o conhecimento prático para
executarem melhor as decisões empresariais, diferentemente dos
administradores que em sua maioria tem uma base teórica muito sólida em
administração, mas falta aplicabilidade.
III) Administrador: O administrador é outra função empresarial, mas difere
suavemente de um gestor; o gestor em si trabalha com gerir informações e
pessoal, o administrador está de maneira mais efetiva aplicado aos setores
administrativo e financeiro de uma empresa, decidindo de fato quais caminhos a
empresa deve seguir visando um lucro, seja da forma que for. Trabalha também
mais proximamente de setores de divulgação como Marketing e está mais
próximo de presidente e conselheiros,
IV) Projetista: É um setor mais aplicado da engenharia, trata de projetar produtos
que serão desenvolvidos pelo processo de produção, são engenheiros habilidosos
em desenho, normalmente; necessitam conhecimento de engenharia como um
todo, precisam desenvolver o produto todo, a forma, o material, as dimensões,
mecanismos. Peça fundamental para qualquer indústria que desenvolva produtos
de mínima complexidade de mecanismos. Precisa estar em constante
atualização.
V) Pesquisador: Primeiramente, precisa ser uma pessoa curiosa. Já que está em
busca de algo nunca antes realizado. Em seguida precisa ter perseverança, pois é
provável que passe a vida toda atrás de um resultado positivo caso o alcance. No
Brasil é muito comum encontrarmos pesquisadores dentro das Universidades,
ainda que precisem estar envolvidos com alguma forma de docência, seja pelo
estágio, seja quando estiver com seu estudo em desenvolvimento em algum
laboratório, que são a forma mais simples de ter o ferramental necessário para
desenvolver mais rapidamente e com qualidade suas pesquisas.
VI) Professor: Ser professor universitário em uma Universidade Federal no Brasil
não é má idéia, já que é possível passar o período de vida trabalhista
desenvolvendo seu projeto ou idealização, pode ter um laboratório para trabalhar
e coordenar e ainda é um serviço muito bem remunerado. Professores também
devem estar em constante atualização, devem se preocupar e muito em
desenvolver uma didática consistente, pois que sem ela não poderão desenvolver
futuros profissionais de alta qualidade, caso contrário os estudantes se vêem
forçados ao autodidatismo, que na minha concepção é uma saída necessária,
porém não a melhor.
Formas de Inserção
I) Por concurso público: Uma das formas mais simples de um engenheiro estar
empregado e garantir seu futuro profissional é ser aprovado em um concurso
público, assim como professor de Universidade Federal, existem inúmeros
cargos espalhados pelo Brasil em empresas estatais, onde na sua maioria são
muito bem remunerados.
II) Por histórico escolar e local procedente: É o mecanismo de admissão mais
utilizado por empresas privadas, como não são obrigadas a fazer prova de
seleção, elas então analisam o que o candidato é capaz de executar e seu esforço
e vontade em garantir sua vaga. Normalmente empresas privadas de grande
porte por terem uma vasta quantidade de empregados, se preocupam mais com a
capacitação e indicação (procedência) do candidato na hora de empregar,
valorizando ex-alunos de Universidades renomadas.
III) Por graduações e capacidades: É análogo ao tópico anterior, mas o foco é
distinto. São esses os critérios normalmente analisados na hora de ser oferecido
a um funcionário da casa um cargo superior, sempre hão de observar o quanto o
funcionário produz, o que ele sabe fazer, como é visto entre os outros
funcionários, entre outras formas mais de avaliação.
IV) Por indicação: Não é uma forma muito democrática de escolha de empregado,
mas é muito utilizado desde o banco de Universidade até a empresa. Sem um
bom contato você de fato não progride na engenharia, você precisa nem que seja
apenas para lhe orientar. Normalmente vínculos entre empresas e Universidade
são previamente estabelecidos, professores assumem posição de olheiros e
indicam futuros potenciais para as empresas. Dentro da empresa funciona de
maneira similar, porém às vezes é algo visto como algo indecente. Muitos
empregados ficam “paparicando” o chefe esperando uma promoção, que de fato
normalmente não acontece, transforma-o apenas em um funcionário mal-visto,
entretanto membros de cargos superiores normalmente convidam outros
empregados a assumirem postos melhores na hierarquia empresarial que se torna
a maneira mais comum de ascender na profissão.
V) Por oportunidades: É um ponto a ser abordado principalmente no ramo de
pesquisa, não é algo muito interessante procurar áreas que estejam sofrendo de
inchaço, logo se deve então mirar em pontos onde é possível desenvolver algo
novo, ou que esteja ocorrendo avanço ferramental em alguma área. Ou então
quando já está empregado em alguma empresa e uma nova oportunidade surge,
às vezes é necessário renovar e reciclar conhecimentos e experiências.
VI) Por experiência: Muitas vezes quando você prova que é hábil em processar
informações em resultados, você é promovido. É a maneira mais simples de
pensar em ascensão profissional, é provando seu esforço e capacidade, e junto
disso cresce algo chamado experiência. Quanto mais vezes a tarefa é executada,
mais presente ela está no subconsciente e mais simples ela se torna para ser
executada. Mesmo ao ser admitido, se possui uma experiência prévia no que irá
fazer, é muito mais provável sua efetivação como empregado, pois não
necessitará de um programa de treinamento completo, apenas de um período de
adaptação, que é um gasto a menos que o empregador tem que arcar.
Posição da profissão nos seguintes contextos
I) Locais: Engenharia em Florianópolis é muito restrito, diria até muito improvável
alguém que não siga uma carreira acadêmica se formar em engenharia mecânica
e continuar residindo aqui. Não existem grandes empresas, não existe
desenvolvimento dessa área, e a cidade é voltada para o turismo e não para
produção de bens. O engenheiro mecânico recém-formado fica em Florianópolis
e região apenas se for iniciar uma pós-graduação (muitas opções), ou se for fazer
algum concurso público para prefeitura ou similares.
II) Regionais: Considerando o critério como Estado e região sul, é possível
encontrar alguns locais onde é possível ter emprego de qualidade como
engenheiro mecânico, principalmente no Paraná e Rio Grande do Sul, ambos
possuem pólos de indústria automotiva e outros mais setores industriais. Santa
Catarina está muito defasada em relação a outros estados, principalmente pelo
fato de que é uma indústria principalmente baseada em animais e vegetais, além
de comércio e turismo.
III) Nacionais: O Brasil curiosamente possui inúmeros centros industriais de
respeito espalhados pelo território, porém nenhuma legitimamente brasileira.
Grandes pólos estão na região sudeste, com ênfase no estado de São Paulo, a
grande São Paulo e algumas cidades no interior possuem indústrias de
implementos agrícolas, automotivos, máquinas-ferramentas, eletrodomésticos,
vestuário, entre muitos outros mais. Um dos setores em maior desenvolvimento
é o automotivo, que está sofrendo um processo de descentralização, boa parte
das indústrias já residentes e outras chegando estão optando por situar seus
galpões em cidades menores onde não há uma metrópole tão próxima, ajudando
assim a desocupar grandes centros e povoar menores. Para professores e
pesquisadores existem oportunidades pelo Brasil todo, entretanto nessa área em
específico a UFSC é referência nacional e internacional, acredito que seria mais
interessante continuar estudando e desenvolvendo um projeto aqui.
IV) Internacionais: O ramo de engenharia mecânica tem oportunidades mundo
afora, basta ter conhecimento, possibilidade de deslocamento para os lugares
mais distintos e vontade de aprender e trabalhar. Já que países ricos estão à
procura de profissionais capacitados, pois pela qualidade de vida em seus países
ninguém quer ser engenheiro, e países pobres precisam desenvolver suas
tecnologias. O Brasil assim como não incentiva sua indústria local,
consequentemente não é nada atrativo querer trabalhar aqui quando se olha para
como funciona em países de fato, desenvolvidos.
Exigências e aspectos considerados necessários para inserção e ascensão
profissional
Executei um levantamento sobre as qualidades que um engenheiro mecânico
deve ter, e as necessidades que um empregador busca em seus empregados, dentre elas
selecionei 25 que acredito que tenham, de fato, relevância para desenvolver uma
carreira sólida:
I) Apresentação: Imagem e atitudes;
II) Capacidade;
III) Competência;
IV) Comunicar-se em pelo menos 2 (ou 3) idiomas;
V) Comunicativo;
VI) Conhecimento;
VII) Criatividade;
VIII) Experiência;
IX) Imparcialidade;
X) Interesse;
XI) Maleável;
XII) Manter-se atualizado (congressos, teses);
XIII) Organizado;
XIV) Pontualidade e Respeito aos prazos;
XV) Prático;
XVI) Pró-Atividade;
XVII) Respeitar;
XVIII) Responsabilidade;
XIX) Saber improvisar, quando necessário;
XX) Saber ouvir os outros;
XXI) Seriedade;
XXII) Sobriedade;
XXIII) Teórico;
XXIV) Ter visão em outras áreas vizinhas à engenharia;
XXV) Versatilidade.
Autor: Bruno Grimm Ussami
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
Assinar:
Postagens (Atom)