quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Empreendedorismo e Empregabilidade na carreira do jornalista

O mercado de trabalho na área do jornalismo, em Santa Catarina, é marcado pelo monopólio. Um só grande grupo de comunicações – a Rede Brasil Sul (RBS) – domina a maior parte do mercado do jornalismo impresso, online e televisivo. Este último começa a perder a exclusividade com o crescimento da rede Record no estado, porém, as maiores audiências continuam com a RBS. Dentro desse cenário, os alunos do curso já aprendem a preocupar-se com o futuro na carreira desde a primeira fase. A maioria quer sair do estado (até porque já veio de fora). Outros, encontram alternativas no campo da assessoria de imprensa ou comunicação institucional. Por fim, uma alternativa menos estável, mas muito libetadora: a prática do freelancer.


As assessorias oferecem empregos estáveis e com boa remuneração. As redações, por outro lado, são marcadas pelo trabalho intenso, em horários, muitas vezes, ingratos (como as madrugadas) e não controlados: ou seja, o profissional nunca sabe a hora em que voltará para casa. Por fim, o freelancer trabalha por conta própria, faz sua própria rotina e vende seus produtos a preços que podem superar o salário de um repórter, porém, não tem a estabilidade e benefícios de um emprego fixo, o que acaba tornando a prática uma segunda opção, para complementar a renda.

A situação não é fácil para quem está prestes a sair da faculdade e inserir-se no mercado. As grandes empresas pelo Brasil afora, como a Folha de São Paulo e o jornal O Estado realizam trainees para os chamados “focas” – jornalistas iniciantes ou recém-formados – que podem ser efetivados em suas redações. Porém, aqui na região, não existe essa saída. Quem não pretende ir embora do estado, pode tentar uma vaga em algum veículo da RBS, o que não é fácil, já que dificilmente o grupo abre vagas para estagiários e o fator “Q.I.” (o famigerado “quem indica”) parece ser o critério básico de seleção. Felizmente, para quem não tem sua preferência restrita ao campo da reportagem, existem as alternativas citadas anteriormente e o campo para estágio e atuação profissional é bem mais vasto, afinal, todas as empresas que se preocupam com sua imagem diante da mídia precisam de assessores de imprensa. E o freelancer pode fazer as reportagens ou produtos institucionais que quiser, quando quiser, e vendê-los para quem estiver interessado.

Dentro desse contexto, o conceito de empregabilidade torna-se fundamental na vida do jornalista. Ele deve estar pronto para adaptar-se às ofertas do mercado, já que dificilmente o formando sairá da universidade para atuar exclusivamente como repórter. É por isso que o curso, predominantemente prático, oferece uma vasta gama de disciplinas que vão desde a redação para impresso até o desenvolvimento visual de um website. Quem conseguir conciliar todas as habilidades, terá o maior índice de empregabilidade. É grande a rotatividade nas redações e o famoso “faz tudo” é o que tem as maiores chances de conseguir uma vaga. Portanto, é importante livrar-se de preconceitos durante a faculdade, como os de que “assessoria não é jornalismo”, ou “não sou designer, sou jornalista”. A imagem do profissional que vai às ruas atrás dos furos é o que incentiva a maior parte dos estudantes do curso a ingressarem nessa carreira, mas essa mesma imagem precisa ser diluída ao longo do curso para que, no final, cresçam as chances de o aluno conseguir um emprego.

Logo, empreender, nesse cenário, é muito difícil. É praticamente impossível um jornalista abrir uma própria empresa de comunicações, pois não há como concorrer com os grandes conglomerados pelo Brasil. A iniciativa pode dar certo, talvez, no ramo da comunicação institucional, que funciona mais como publicidade do que como jornalismo propriamente dito. Outra área que tem ganhado visibilidade, mas que tem poucos profissionais do jornalismo aptos a praticá-la, é o webjornalismo. Empreender nesse ramo parece oferecer muitas chances de sucesso, pois é um segmento da profissão que requer total convergência e habilidade para trabalhar tanto com texto quanto com vídeos, fotos, som, design e um pouco de programação. Ou seja, mais uma vez: aquele com mais competências, ou ainda, maior índice de empregabilidade, é quem irá se sair bem no ramo. Se, aliada a todas essas habilidades, ainda estiver o espírito empreendedor, o sucesso é praticamente garantido.

No cenário competitivo e restrito do jornalismo, principalmente em Santa Catarina, conclui-se que a empregabilidade é o fator chave para o sucesso profissional. Despir-se de preconceitos e desenvolver outras habilidades além daquelas tradicionais do jornalista também é fundamental, e é preciso correr atrás disso por toda a vida. Afinal, enquanto uma pessoa está na redação atuando exclusivamente na reportagem, há vários “focas” talentosos em texto, vídeo, imagem e web querendo uma vaga. Estabilidade longa, até a aposentadoria, parece impossível. Mas pode-se vislumbrar um futuro mais otimista se o empregado estiver sempre sintonizado com as novas tecnologias e execitar constantemente a criatividade, para conseguir manter-se em evidência em meio a tantos concorrentes.

                                                                                          Acadêmica: Risa Stoider

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