quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

TRABALHO, EMPREGABILIDADE, AUTOCONHECIMENTO, EMPREENDEDORISMO E ORENTAÇÃO PROFISSIONAL NUMA PERSPECTIVA PESSOAL DE ESCOLHA PROFISSIONAL

Segundo Ferreira (1986), considera-se trabalho toda aplicação de forças e faculdades humanas dispostas a um determinado fim. Mas entende-se que este é um conceito atual, vez que os animais também realizam atividades e trabalham, mesmo que o trabalho humano possa se distinguir mais claramente quando existe a possibilidade de utilização da racionalidade humana na execução de tarefas. Tanto é, que é comum ouvir-se a expressão: “Trabalhei como um cavalo” ou fulana trabalha como uma “formiguinha”.


Se analisarmos a história do trabalho, desde o início com o desenvolvimento da humanidade, o convívio social possibilitou a união de todos e a divisão de tarefas. A divisão de tarefas natural colocou sob a responsabilidade da mulher a preponderância de atividades de criação dos filhos e doméstica, cabendo aos homens atividades que exigiam mais força bruta, a caça, etc .

Após este primeiro movimento, que criou a força de um grupo sobre os mais fracos, criou-se a instituição da escravidão. Por abominada através da criação de outros valores, desenvolveu-se a servidão que era mais aceitável, até que estes se tornaram independentes pelas atividades artesanais .

Com o advento da era capitalista o trabalho agregou outro conceito, a comercialização do trabalho em troca de salário. A revolução industrial provocou um grande desequilíbrio financeiro entre o trabalhador e dono da fábrica, bem como provocou a exploração do trabalho humano. Para coibir abusos foram-se criando várias leis protetivas no mundo todo, criou-se assim o conceito de emprego, e várias teorias foram pensadas sobre esta nova forma de relação entre o homem, a máquina e indústria.

Desta forma pode-se vislumbrar o emprego com um trabalho desenvolvido por um sujeito (o empregado) que presta serviços a outro (o empregador). Esta relação é protegida por leis trabalhistas sociais e públicas, limitando horário, local, tempo. A par disto criaram-se institutos de aposentadoria e de saúde, além de outros órgãos de proteção aos direitos do empregado.

Tanto o fordismo, como taylorismo e a automação criam distorções na execução de tarefas humanas, retirando-lhe a criatividade e causando lesões, nos dias de hoje as LER/DORT são comuns devido ao excesso de movimento repititivos. O mercado atravessado pelo desemprego devido às crises nos mercados mundiais, o empregado se vê cada vez mais desvalorizado, enquanto os empresários procuram intensamente a alteração de leis existentes para que sejam menos responsabilizados pelo risco de sua atividade lucrativa. A balança tende a pender para o empregador com os movimentos flexibilizantes, substituição de cargos por mão-de-obra barata como estagiários, terceirização de serviços e desmobilização do trabalhadores pela inatividade sindical .

A respeito dos estágios nas empresas, que os alunos de Universidade valorizam tanto, é preciso notar que a CLT sempre têve a previsão do contrato de experiência, de 3 meses, podendo ser renovado por mais 3 meses, o que legalmente se fazia antes da proliferação de estágios. No meu entender, os estudantes deveriam ser aproveitados nesta modalidade, apenas ampliando-se o tempo de experiência para 01 ano ou mias, pois teriam direito a um salário igual ao nível inicial da carreira pretendida e todos os direitos férias, décimo terceiro, previdência social, etc.

Ademais, a recente alteração de competência para a Justiça do trabalho de outras causas de natureza trabalhista parece não ter vindo em benefício do trabalhador, por exemplo, o acidente de trabalho tinha, anteriormente prazo de prescrição de 20 anos para ser reclamado e na Justiça do Trabalho passou para 5 anos o reconhecimento do direito. Algumas leis esparsas que vem beneficiando algumas situações de crise entre empregado e trabalho são paliativas, perante o prejuízo do trabalhador que adquire uma lesão no trabalho (LER) e que dura anos até invalidá-lo, quando então não terá mais nenhum direito.

Torna-se crescente, hoje, na doutrina e na Justiça, a discussão sobre assédio moral. Isto porque o trabalho tem um significado e o comportamento dos indivíduos deve estar norteado por valores. Inobstante não haver consenso entre estes valores, estudos apontam para a importância deste construto , como fator essencial para a dignificação do ser humano, elaboração de uma identidade, socialização e sua dinâmica no cumprimento de tarefas em caráter de subordinação e dependência, em contraposição às metas e valores da empresa, sempre voltados para o lucro.

O empreendedorismo é uma corrente de pensamento social que projeta a união dos atores sociais (empregados e empresa) em torno de possíveis idéias geradoras de transformações, criativas, que reduziriam o risco do empreendimento.

Apesar de pensar que o empregado muitas vezes se encontra dominado pelo patrão e dificilmente consegue colocar suas idéias no empreendimento, a não ser por indução deste, é possível que se ultrapasse esta barreira protetiva adotando-se o salário por comissão, ou outras modalidades, que estabeleçam um mínimo de salário ao trabalhador e garantia de emprego, para que não passemos ao empregado o risco do empreendimento, o que não é possível legalmente. Seria melhor então criar-se sociedades livres, estimular o cooperativismo, onde todas opinam e exista, em contrapartida ao risco, uma repartição de lucros iguais.

A meta de todo empregado é adquirir a qualidade denominada “empregabilidade”, para que possa se manter no mercado de trabalho e escolher o trabalho que melhores condições lhe propicie, inclusive adequando-as à sua âncora de carreira.

O conceito de empregabilidade tem sido muito discutido e vê-se hoje, na formação da juventude, um encaminhamento para o alcance de habilidades que sejam procuradas no mercado. Há muita necessidade no mercado dos conhecimentos de informática, outras línguas, conhecimentos e experiência.

Há alguns anos atrás eram as empresa que contratavam os empregados, ainda jovens, com formação de nível secundário, e os treinavam para exercer funções especializadas dentro da empresa. Muitas empresas ainda investem continuamente em seus empregados , mas para uma economia globalizada, a demanda parece não ter fim.

Numa economia como a brasileira e também no mundo, onde prepondera o desemprego, os jovens de hoje são obrigados a se auto-qualificarem cada vez mais, para algumas profissões um só curso universitário não é mais suficiente para garantir empregabilidade, gerando um fenômeno comum hoje em dia: os filhos acabam ficando sob a dependência dos pais durante muito mais tempo.

Se, antigamente, com 18 anos era possível conquistar um bom espaço no mercado, hoje, a idade média tem se projetado para além dos 29 anos, tempo suficiente para um ou dois cursos universitários ou doutorado. neste espaço, as empresas somente lucram, não precisam investir no empregado que já vem pronto. Entendo, particularmente, que estas exigências do mercado são favoráveis às empresas, criam abismos sociais entre empresas altamente lucrativas e bilionárias e a população que precisa do trabalho para sobreviver. As empresas que requisitam este tipo de mão-de-obra altamente qualificada deveriam dar uma contrapartida disto à sociedade, através de investimentos em universidades.

Diante da realidade do mercado, precisamos também discutir outros fatores relativos ao risco do empregado que submete à empresa, além das questões relativas a empregabilidade e desemprego. Carecem de eficácia as leis que dão garantia à saúde do trabalhador. A ergonomia é a ciência que estuda a adaptação psicofisiológica do trabalho ao homem, evitando com isto o adoecimento.

Noutro vértice, uma disciplina que venha a discutir a empregabilidade, adequação vocacional, competência profissional, idoneidade, a própria saúde física, financeira e mental e o relacionamento pessoal e social do empregado tem também um conteúdo inverso: a adaptação do homem ao trabalho.

A adaptação do homem ao trabalho contribui para uma melhor ergonomia, mas não implica em desobrigar as empresas de fazerem a sua parte que é adaptar o trabalho ao homem.

Acredito que toda a questão da orientação a uma carreira deva ter em vista tanto os aspectos psicológicos como os biológicos envolvidos, por exemplo, cita-se a questão do acidentado que perde alguma de suas funções e tem que adaptar-se a uma nova profissão.

Enfim, o trabalho dignifica o homem desde que seja lícito (toda regra tem exceção, o trabalho do bandido não o dignifica), todo o conforto existente na sociedade como saúde, produtos alimentícios, vestuário, moradia, ensino, transporte e remédios até objetos de luxo ou prazeres como uma viagem de férias são possíveis porque existem trabalhadores que fazem existir o mundo do jeito que nós o queremos. Cada vez melhores possibilidades nos são oferecidas, através de produtos ou serviços e nos inserimos no mundo também ofertando nosso trabalho, através de produtos ou serviços. Precisamos dos outros como precisam de nós. O trabalho é eminentemente a inserção do indivíduo na sociedade. Que haja mais justiça para que quanto mais se trabalhe (e estude), mais se possa receber.

 Ponto de vista pessoal na profissão escolhida

Decidi me tornar escritora e diante dos conhecimentos adquiridos nos textos indicados, percebo mais claramente minhas habilidades e deficiências, além de questões próprias do mercado de trabalho que na posso ignorar.

Acredito que devo, precípuamente, aprender técnicas de redação, aumentar minha rede de relacionamentos, aumentar minha bagagem cultural.

Percebi conceitos que estão arraigados na cultura mas vagueiam despercebidos na sociedade, o autoconhecimento é para mim uma questão fundamental: ninguém que não se conhece pode saber o que quer. Dentro disto, posso pensar em fazer alguma coisa de útil.
                                                                                        Acadêmica: Neusa Maria Kuester Vegini

Referências
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1975.
KRAWULSKI, Edite – A Orientação profissional e o Significado do Trabalho. 1991- Revista da Abob V.2 N.1 -1998
LISBOA, Marilu – Curso de Formação em Orientação Profissional: Empregabilidade. 2007
MINARELLI, J.A. – Empregabilidade: Como ter trabalho e remuneração sempre.15.ed.São Paulo: Gente, 1995
SARRIERA, Jorge Castella (org) – Desafios do Mundo do Trabalho: Orientação, inserção e mudanças. Porto Alegre: Edi PUC RS, 2004

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