quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

O Mundo do Trabalho na Atualidade

Por trabalho, compreende-se qualquer atividade humana, voltada a uma finalidade específica, visando à satisfação de necessidades. O principal aspecto do trabalho, porém, não diz respeito aos objetos e bens através dele alcançáveis, mas sim à formação do próprio homem e ao seu autoconhecimento por meio do trabalho.


O trabalho importa ao homem tanto para a sua sobrevivência, quanto para a sua realização pessoal. Dentre esses dois aspectos, é o último que mais interessa à escolha profissional e ao planejamento de carreira, vez que, ao profissional que vê o sentido de sua atividade e realiza-se nela, não hão de faltar os meios necessários ao seu sustento.

Após a Revolução Industrial, o trabalho humano passou a ser compreendido sob uma ótica reducionista e materialista, referindo-se às atividades realizadas de modo cada vez mais rotineiro e irreflexivo. Nesse contexto, perde-se o sentido de auto-realização através do trabalho, o qual passa a ser definido como uma mercadoria, isto é, como uma simples quantidade de esforço humano a ser vendida pelo melhor preço obtido.

A visão do trabalho meramente como meio de produção e obtenção de riquezas é uma degradação daquilo que, essencialmente, deveria refletir uma importante finalidade do trabalho humano: a realização pessoal e a contribuição social. Aquela primeira perspectiva, reducionista, é insuficiente à satisfação das necessidades humanas, já que o homem não se realiza apenas pelos frutos materiais obtidos com o trabalho, mas, também, com tudo aquilo que vem ele próprio a tornar-se, bem como por todo o bem que proporciona à comunidade pelo exercício de um trabalho.

O trabalho perde sua plenitude significativa quando, restrito ao utilitarismo e ao objetivo de produção de riquezas e obtenção de “status” na sociedade, “a maioria dos funcionários não vê, nem se apropria simbolicamente do resultado de seu trabalho; a fragmentação das tarefas os transforma em simples elos de uma corrente, da qual não conseguem enxergar o início, o fim, nem a finalidade” (cf. Matos, 1994; 31). Trata-se de um trabalho vazio, que não contribui à formação da identidade e à realização do trabalhador.

Para evitar-se a perda do sentido subjetivo do trabalho, ou seja, do seu papel decisivo na estruturação da identidade, é preciso ter-se em consideração uma série de fatores que exercem importante impacto sobre as escolhas profissionais e, também, sobre o próprio desempenho de uma atividade profissional. A valorização e descoberta das próprias âncoras de carreira auxiliam nesse processo de autoconhecimento e de identificação de fatores indispensáveis à satisfação pessoal no trabalho e, portanto, contribuem também ao resgate do caráter espiritual que lhe é inerente.

Para a inserção no atual mercado de trabalho, requer-se dos profissionais, porém, mais do que identificação com a carreira escolhida. É necessário, cada vez mais, que o trabalhador desenvolva habilidades do empreendedorismo e da empregabilidade.

Por empreendedorismo, entende-se a atividade de pessoas e organizações para implementar uma idéia por meio da aplicação da criatividade, assumindo determinados riscos e responsabilidades, com o fito de transformar determinado projeto, recurso ou bem em um produto mais lucrativo.

Em estudo de Birley e Westhead (1992), são citadas as 5 necessidades do empreendedor: 1- a necessidade de aprovação de seus comportamentos, isto é, a busca por uma alta posição na sociedade; 2- a necessidade de independência, expressa pela flexibilidade na vida profissional e familiar e pelo controle do próprio tempo; 3- a necessidade de desenvolvimento pessoal, consistente na necessidade de ser inovador e de aproveitar as oportunidades; 4- a necessidade de segurança, e; 5- a necessidade de auto-realização, quer dizer, de realização máxima de seu próprio potencial, a permitir o desenvolvimento e o descobrimento das próprias capacidades.

Dentre as mais importantes habilidades do profissional empreendedor, cumpre destacar: 1- a facilidade para identificar novas oportunidades de produtos e serviços, ou seja, o faro, a capacidade de pensar inovadoramente; 2- a valoração de oportunidades e o pensamento criativo; 3- a persuasão na comunicação oral e escrita de suas idéias; 4- a habilidade de negociação, e; 5- a capacidade de aquisição de informações sobre mercados, avanços tecnológicos e demais conteúdos necessários à constante adaptação às novas realidades.

A atuação de um profissional empreendedor envolve o desempenho das seguintes funções: a descoberta de novas informações, traduzíveis em novos mercados, técnicas e bens; a procura por oportunidades, a avaliação das mesmas e a definição dos riscos; o levantamento dos recursos financeiros, o desenvolvimento de cronogramas e metas necessárias ao empreendimento, e; a motivação e a liderança do grupo de trabalho.

Estas características do empreendedor são úteis aos profissionais inseridos no mercado de trabalho atual porque, dada a competitividade e o excesso de oferta de trabalho, as habilidades empreendedoras tornaram-se indispensáveis ao trabalhador que quiser manter um empreendimento no mercado, ou, tão somente, desejar permanecer empregado.

O trabalhador, para manter-se empregável, precisa conhecer o próprio mercado de trabalho e oferecer um serviço atraente e atualizado. A segurança profissional não advém da fidelidade e dedicação do empregado, mas da prestação de um serviço adequado e satisfatório às novas necessidades. A habilidade que torna o profissional empregável é a flexibilidade, isto é, a capacidade de adaptação às mais distintas situações e a capacidade de constante aprendizado.

                                                                                                     Acadêmica: Cristiane Araujo
                                                                                                  

2 comentários: